Sobre o medo
Outro dia, durante o meu momento de contemplação, o meu momento de paz (aqueles 60 minutos em que estou nadando) eu comecei a pensar... desde que eu resolvi abrir a minha consultoria, as coisas têm sido muito estranhas.
A minha vida toda eu assisti aos meus pais sendo donos do próprio negócio, sem ter férias, décimo terceiro ou plano de saúde empresarial. E eu sempre pensei: “ah, não... comigo, não! Eu não quero ter o meu negócio, eu quero ser funcionária, ter carteira assinada e o escambau”. E assim eu fui, por 15 anos. Até que saí do Copa... e as coisas começaram a aparecer, e as ideias começaram a brotar... e quando eu vi, já estava nessa vida louca de “empresária”...
Mas o pior, o pior mesmo, é que nunca me senti tão feliz! Nem quando estava no Copa... quero dizer, era uma felicidade bem diferente, eu lá estava realizando um sonho, trabalhando no lugar em que eu sempre sonhei e tal. Mas agora? Agora é diferente! Agora eu estou realizando um projeto meu, estou começando a fazer história, a escrever minha história. E para mim, ao mesmo tempo em que isso é muito novo e empolgante, é completamente APAVORANTE.
Enquanto eu nadava, fiz um paralelo que me foi totalmente coerente: ser empresária é como ser mãe. Quero dizer, você sente um pânico latente e constante o tempo todo, mas mesmo assim, vai em frente. Quando a gente tem filho, por mais plena que esteja, sente um medo constante: medo que o filho se machuque, medo de ser péssima mãe e, acima de tudo, medo de que um dia ele seja infeliz e a culpa seja sua. E isso tudo ao mesmo tempo em que você sente aquela alegria infinita sempre que sente aquele cheirinho do seu filho, sente aquele orgulho de ter gerado aquela vida, se sente mais amada do que nunca.
É um grande paradoxo.
E ser empresária é muito parecido: você sente aquela plenitude por estar fazendo algo pelo qual é apaixonada. Algo que você gerou e que te dá muito orgulho. Mas ao mesmo tempo, sente aquele pânico constante, aquele medo de fracassar. Algo que pode te paralisar e que, se você não for forte o suficiente, te derruba.
Mas não é só ser empresária, é fazer e vender um produto inovador, ainda muito desconhecido. É dar a cara a tapa, arriscar. É tentar mudar o mercado, fazê-lo evoluir. Trabalhar com gestão de food safety em uma realidade em que você ainda precisa dizer para as pessoas lavarem as mãos após irem ao banheiro, é loucura!
Muitas vezes eu me pego pensando: isso é impossível! Mas daí, durante o dia, começo a ter o retorno do meu esforço, as pessoas começam a te procurar, você começa a ver que, sim, pode dar certo. Só precisa meter a cara, só precisa se esforçar. E isso, minha gente, eu sei fazer bem. Apesar de todo este medo constante, o meu maior conforto é saber que, mesmo que tudo dê errado, não foi por falta de esforço, não foi porque não me dediquei o suficiente.